segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Anna Guerra é curadora de Expo na Casa da America Latina em Lisboa PTnov 2010, no Projeto Panorama Brasil em Movimento

PANORAMA BRASIL EM MOVIMENTO


Novembro-Dezembro 2010

II Seminário Internacional Luso-Brasileiro

Media, Arte e Tecnologia


Brasil e Portugal em diálogo

De um lado Portugal e do outro Brasil, separados pelo oceano, agora unem-se através da conexão cultural no sentido de fortalecer e consolidar o fraterno relacionamento de laços tão antigos, tão especiais, tão estreitos e tão fortes que unem historicamente os dois países. O projecto que aqui se apresenta visa estimular o intercâmbio cultural em língua portuguesa, a partir do cinema, pintura, música, teatro, envolvendo artistas e académicos de ambos os países. Uma das características do projecto é o carácter interdisciplinar das suas acções que giram em torno das temáticas da cidadania, cultura, linguagem e comunicação. Panorama Brasil-Portugal em movimento propõe, ainda, a reflexão, o diálogo, o envolvimento e mobilização de todos na sociedade como parte integrante no mundo.

Um debate intercultural planetário

Na contemporaneidade, o processo de globalização vem fornecendo novas configurações identitárias, o que nos leva à análise das relações do sujeito com o global/local e o fenómeno da fragmentação dos territórios. Ao colocar diferentes áreas do globo em interconexão, a globalização faz com que as perspectivas de transformação social atinjam virtualmente todo o mundo. Assim, não só temos uma maior circulação de produtos como também uma rearticulação das relações entre culturas e entre países. Aqui, o poder económico está descentralizado, deslizando pelos continentes atrás de escala e rentabilidade; as culturas estão mais híbridas devido ao aumento das possibilidades desterritorialização.

A integração e reprodução da nova ordem global fundamenta-se na lógica da curta duração, dissolução e fragmentação da identidade do indivíduo. No admirável mundo novo das oportunidades fugazes e seguranças frágeis, a saturação do universo simbólico daí resultante deixa-nos inertes e apáticos, rendidos à pura reprodução e sem qualquer outro referente que não seja as próprias imagens geradas pelos media. A generalidade dos modelos produzidos é ordenada por uma lógica de disciplinamento do corpo social, que pretende remeter a cada indivíduo uma dada posição bem definida na sociedade (enquanto consumidor).

Encontramos, porém, processos de reconhecimento dos grupos que carregam e defendem as diferenças étnicas e culturais que se opõem à matriz dominante do nation-building; a demanda por inclusão e por pluralidade no sentido da reparação de exclusões históricas; a demanda por reorientação das políticas públicas no sentido de assegurar a diversidade/pluralidade de grupos e tradições.

O actual contexto social tem sido determinado por mudanças substanciais em todas as esferas da actividade humana. Estamos passando por um processo de redefinição de uma série de conceitos, valores e princípios que até há muito pouco tempo, não eram sequer questionados.

Os tempos actuais, (os tempos pós-modernos, para alguns), causaram um estado de transformação na sociedade humana, havendo uma modificação do estado sólido para o líquido. Este estado de fluidez não é apenas econômica ou política, ela também se reproduz nas restantes áreas da vida humana: nas relações pessoais e na vida cotidiana. Estamos vivendo os múltiplos efeitos de um mundo cada vez mais complexo, com avanços tecnológicos, mas também com antagonismos, contradições, conflitos, formas de inclusão e exclusão dos sujeitos.

O mundo contemporâneo, ao mesmo tempo em que se abre a fluxos do capital financeiro globalizado, exibe inúmeros exemplos de fortalecimento dos controles territoriais, de revitalização dos nacionalismos, de valorização das raízes étnicas, da xenofobia e da busca por uma definição mais concreta de identidade. Nesse horizonte, a sociedade global pode ser vista como uma totalidade desde o início problemática, é complexa e contraditória; atravessada por desigualdades e diferenças, que se reflectem nos indivíduos, grupos, classes, tribos, nações, sociedades, culturas, religiões e idiomas. Desarticula as identidades fixas e estáveis do passado, mas, abre perspectivas para novas articulações que permitem a criação de novas identidades e a produção de novos sujeitos que se recompõem em torno de pontos nodais particulares de articulação ou “pluralidade de centros de poder”.

Ao mesmo tempo que a globalização representa uma certa forma de interconexão e interpenetração entre regiões, estados nacionais e comunidades locais que está marcada pela hegemonia do capital e do mercado, ela também se faz acompanhar por uma potencialização da busca por singularidade, por um espaço de diferença - a emergência de novas formas de identificação coletiva – negros, mulheres, povos indígenas, ecologia, pacifismo, juventude, movimentos religiosos – e novas formas de pensamento, que puseram em questão o etnocentrismo e o caráter excludente da ordem vigente. A identidade é, então, construída a partir de elementos opostos: diferença e igualdade; objetividade e subjetividade; ocultação e revelação e, para compreendê-la, é necessário desvendar essas contradições dialéticas.




Casa da America Latina Lisboa PT
Expo- Curadoria Anna Guerra



















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