As tintas da vida
Quem vive
intensamente, espalha e colhe, recolhe, por onde quer que vá. Anna Guerra
colore... explode!
Do infinito de seus
registros, em rotas de emoções aos pensamentos, a artista escolheu as cores
para transformar os feitos de seu mundo interior em efeitos aos olhos de
outros. E que efeitos impressionantes!
Na obra da
pernambucana, aterrissada em São Paulo já faz dez anos, as cores transcrevem um
mundo desde dentro de si mesma, com tantas quantas são as cores da sua alma.
Pernambuco é colorido e São Paulo é cinzento? Tais lugares comuns não cabem a
quem se permite apreciar suas obras. Os dias são assim em qualquer lugar, uns
acesos e outros nem tanto. Quem os colore são as retinas. As cores, todas elas,
são vivas e mudam todo dia, o dia todo. Suas paletas revelam uma linguagem com
sotaques multicores ou vibrantes escalas monocromáticas. As cores são o idioma
da pintora.
Suas mãos de artista
tocam a textura do encontro de um sentimento, uma sensação ou ideia com a
matéria viscosidade-cor. Soltas no ar contam sobre uma lembrança ou miragem, um
desejo ou lugar e paradas sobre uma superfície, sem tocá-la, acariciam o que
está vazio apenas para quem vê de fora. Regem o instrumento de cerdas pincel
sobre um plano monocor e ali registram histórias. Em suas telas descansam
santos e delas voam pássaros; nelas erguem-se casarios
geminados-alinhavados-parados e se entrelaçam corpos dançantes. Seus traços e
formas são suas narrativas.
Anna coloca palavras
em seu processo de trabalho com breves escritos, legendas para momentos
recortados de seu percurso. Declara que a emoção produz razão. Sua pintura é
autoconhecimento.
Apreciar o outro, em
sua humana força expressiva, é permitir-nos uma viagem interior chamada emoção.
Esta não pede palavras.
Vamos!
(Cintia Fondora Simão)
Março, 2016
ANNA GUERRA PINTANDO "PRIMAS VERA"
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