Ação, organizada pela ONG Gerando Falcões, envolveu moradores e trouxe alegria em região conhecida como “Tubulação”
Paredes cinzas e mal rebocadas de diversas casas da comunidade da Tubulação, na zona leste de São Paulo, ganharam um visual diferente, colorido e com desenhos divertidos em ação organizada pela ONG Gerando Falcões em julho. Um mutirão de quatro dias, liderado pela artista plástica Anna Guerra, com participação da também artista plástica Kika Goldstein, transformou a rua Pinheiro, na região de Itaquaquecetuba, em uma verdadeira exposição artística.
As obras trouxeram um visual mais alegre, com flores e figuras geométricas e que contrastam com os problemas sociais e de infraestrutura mais recorrentes da comunidade, como o esgoto a céu aberto e as ruas esburacadas. A “Tubulação”, como é conhecida pelos moradores, é uma região que faz divisa com os municípios de Itaquá, Ferraz de Vasconcelos, Poá e Itaim Paulista.
Para o cabeleireiro João Andrade Moura, de 39 anos, que vive na comunidade da Tubulação há 18 anos, iniciativas assim trazem mais alegria para os moradores. “O trabalho realizado por aqui foi muito bom e a pintura para mim significou mudança. A população aprovou, ficou bem bonito, bem diferente da parede cinza anterior”, elogiou.
A ação foi tão bem aceita que até os moradores quiseram ajudar na pintura, conforme contou a artista plástica Anna Guerra. Ela, que já pintou murais no nordeste do país e, inclusive, no exterior, como em Portugal, na Europa, diz ter sido uma realização pessoal colocar seu trabalho na periferia.
“Sempre tive vontade de pintar ruas e deixar uma herança para a sociedade. Essa iniciativa é uma forma de preservação, de revitalização. Eu vi sorrisos, vi moradores querendo participar. Foi uma ação muito bem aceita pela comunidade”, comentou Anna, que planeja mobilizar mais artistas plásticos para continuar a ação na Tubulação.
O grande entusiasta do movimento é o empresário Roberto Vilela, que é membro do conselho do Gerando Falcões e arcou com as despesas de todo o material para que as artes fossem feitas. Dono da empresa RV Ímola, Vilela diz ser muito ligado a arte e, para ele, os trabalhos desenvolvidos podem trazer um pouco mais de alegria em ambientes de abandono.
“A arte para mim é tudo. A aparência de comunidades é muito sofrida e acho que, quando colocamos cor, trazemos mais alegria e o incentivo às pessoas para se reinventarem. Meu sonho é conseguir mais artistas para fazer parte de ações assim”, revelou o empresário. Outras ações artísticas na comunidade estão previstas para ocorrer ainda este ano.